Imagine-se diante de um mistério que se desenrola através das eras, uma questão tão profunda que transcende o tempo e o espaço. Abrimos nosso diálogo com um convite à reflexão sobre um dos enigmas mais intrigantes da existência humana: a origem da matéria. A sua natureza eterna ou sua criação por uma força superior nos põe em um estado de maravilhamento e curiosidade.
Questão 21 – A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por Ele em algum momento?
“Só Deus o sabe. Todavia, há uma coisa que a vossa razão deve indicar: é que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve desocupado. Por mais distante que possam imaginar o início de sua ação, poderiam imaginar que Deus fique sem fazer nada, um só momento?”
o livro dos espíritos – allan kardec
Ao mergulharmos na profundidade dessa questão, encontramos mais do que uma indagação sobre a origem da matéria; encontramos um convite à reflexão sobre a natureza de Deus e sua relação com o universo. Pela perspectiva do espiritismo Kardecista, essa questão nos leva a considerar não apenas os aspectos metafísicos da criação, mas também os atributos infinitos de Deus, como a eternidade, a imutabilidade, e sobretudo, sua infinita atividade e benevolência.
Perspectiva do espiritismo e a Ciência sobre a origem da matéria
Integrar os princípios da ciência, particularmente a origem da matéria, com os ensinamentos espíritas, oferece uma perspectiva enriquecedora que abrange tanto a física quanto a metafísica. Segundo a ciência, o Big Bang foi o evento inicial que deu origem a todas as partículas subatômicas e, consequentemente, à matéria como a conhecemos. Esse processo de formação do universo ocorreu há aproximadamente 13,8 bilhões de anos, levando à criação de átomos e, posteriormente, à formação de estrelas e galáxias.
No contexto espírita, essa compreensão do universo físico é vista como apenas uma parte da história. Os ensinamentos espíritas, conforme codificados por Allan Kardec, sugerem que além da matéria existe uma essência espiritual intrínseca a todo ser. Esta perspectiva sugere que o universo não é apenas uma vasta extensão de matéria, mas também é permeado por uma substância espiritual, que é eterna e preexistente à matéria.
A tentativa de correlacionar essas duas visões propõe que a criação do universo físico, iniciada pelo Big Bang, foi um processo que também pode estar alinhado com a evolução espiritual. Os espíritos ensinam que há um propósito maior na criação, focado na evolução contínua tanto da matéria quanto do espírito. Dessa forma, a ciência e o espiritismo podem oferecer visões complementares: a ciência desvenda como o universo material se formou e funciona, enquanto o espiritismo acrescenta uma dimensão espiritual, sugerindo que há mais na existência do que apenas a matéria, abrindo caminho para uma compreensão mais ampla que abrange os aspectos físicos e espirituais da realidade.
A resposta à questão 21 nos desafia a expandir nossa compreensão para além dos limites do conhecimento humano, reconhecendo que, em muitos aspectos, os mistérios divinos são insondáveis para a mente mortal.
A Aplicação dos Ensinos Espíritas na Vida Cotidiana
Este entendimento nos possibilita ver a existência de uma nova perspectiva, onde cada momento é uma extensão da atividade criativa divina. A origem da matéria, ao invés de ser vista exclusivamente sob a lente da curiosidade científica, transforma-se em uma reflexão sobre a continuidade da ação de Deus. Diante disso, a mensagem central da resposta à questão 21 é um convite à reflexão sobre nossa própria participação no universo.
Ao reconhecermos que Deus nunca esteve ‘desocupado’, somos convidados a refletir sobre como podemos, mesmo em nossa limitada capacidade, espelhar essa infinita atividade através da prática da caridade, do amor e do serviço ao próximo. Como ensinado em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, as oportunidades de contribuição para o bem são inúmeras e estão sempre ao nosso alcance.
“Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros, pois de tais sacrifícios Deus se agrada.”
Hebreus 13:16
Concluindo, a questão da origem da matéria e sua resposta nos conduzem a uma jornada de profunda introspecção espiritual e entendimento. Ao contemplarmos a infinita bondade e atividade de Deus, somos inspirados a buscar uma participação ativa na obra da criação, seja pelo autoaperfeiçoamento, pela elevação moral, ou pelo exercício da caridade. Desse modo, a doutrina Espírita, com sua luz sobre esses temas universais, oferece-nos não apenas um caminho de conhecimento, mas uma via para a transformação pessoal e coletiva.
