Descubra a vida fascinante de Alfred Russel Wallace, suas contribuições revolucionárias para a ciência, os mistérios da espiritualidade que ele desvendou e sua relação com Charles Darwin.
Alfred Russel Wallace destacou-se como naturalista, antropólogo, geógrafo e investigador, combinando ciência e espiritualidade de maneira incomparável. Ele nasceu em 8 de janeiro de 1823, em Usk, Monmouthshire, País de Gales, e cresceu em uma família numerosa.
Desde cedo, precisou trabalhar para se sustentar. Em 1848, iniciou sua primeira grande expedição científica à Amazônia, com Henry Walter Bates, onde coletou espécimes para museus e colecionadores. Infelizmente, em 1852, o navio que o trazia de volta à Grã-Bretanha naufragou, e ele perdeu todo o material coletado.
Ainda assim, a experiência serviu como base para o livro “Narrative of Travels on the Amazon and Rio Negro”, publicado em 1853.
O Arquipélago Malaio e as Contribuições para a Biogeografia
Entre 1854 e 1862, Alfred Russel Wallace conduziu uma de suas mais importantes expedições, desta vez no arquipélago malaio, que incluiu regiões da atual Indonésia, Malásia e Filipinas. Durante esse período, ele coletou mais de 125 mil espécimes, incluindo 5 mil novas espécies, consolidando sua reputação científica.
Em 1859, ele identificou a famosa “linha de Wallace”, uma divisão biogeográfica que separa espécies asiáticas das australianas. Essa descoberta, documentada no livro “The Malay Archipelago”, publicado em 1869, foi fundamental para o avanço do campo da biogeografia.
Suas observações no arquipélago malaio também o levaram a explorar as interações entre geologia e evolução biológica, especialmente ao notar diferenças na fauna de ilhas próximas, como Lombok e Bali. Esse trabalho inspirou teorias modernas sobre o impacto da geografia na evolução das espécies.
A Colaboração com Charles Darwin e a Teoria da Evolução
Durante sua estadia no arquipélago malaio, Wallace contraiu malária em 1858, enquanto estava na ilha de Ternate. Durante um estado febril, ele teve uma epifania que culminou na formulação da teoria da seleção natural. Em fevereiro de 1858, ele escreveu um ensaio descrevendo suas ideias e o enviou a Charles Darwin, que já vinha desenvolvendo a mesma teoria desde 1837.
No dia 1º de julho de 1858, os ensaios de ambos foram apresentados à Sociedade Lineana de Londres, marcando o início oficial da divulgação da teoria da evolução. Em 24 de novembro de 1859, Darwin publicou “A Origem das Espécies”, reconhecendo a contribuição de Wallace em várias passagens. Wallace, por sua vez, destacou sua admiração por Darwin no livro “The Malay Archipelago”, referindo-se a ele como um gênio e um amigo.
O Interesse pelos Fenômenos Espirituais
A partir de 1865, Alfred Russel Wallace começou a investigar fenômenos mediúnicos, que o levaram a questionar sua visão inicial materialista. Em 1875, ele publicou “On Miracles and Modern Spiritualism”, detalhando sua jornada de ceticismo à aceitação dos fenômenos espirituais.
Wallace argumentava que os fenômenos mediúnicos eram tão dignos de estudo quanto qualquer outro evento natural. Ele acreditava que o plano espiritual influenciava certos aspectos da evolução humana, especialmente aqueles relacionados à criatividade, à arte e à espiritualidade. Suas ideias espiritualistas tinham afinidades com os estudos de Allan Kardec, especialmente no que diz respeito à investigação científica dos fenômenos espirituais.
Alfred Russel Wallace e Allan Kardec: Conexões de Pensamento
Enquanto Allan Kardec, entre 1857 e 1869, desenvolveu a base do Espiritismo com obras como “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”, Wallace conduzia suas próprias investigações sobre a mediunidade e a existência de uma dimensão espiritual. Ambos compartilhavam a crença de que os fenômenos espirituais deveriam ser abordados com rigor científico e que poderiam revelar leis naturais ainda desconhecidas.
No entanto, Wallace divergia de Kardec em um ponto essencial: ele não aceitava a reencarnação. Para Wallace, as experiências mediúnicas indicavam a existência de inteligências desencarnadas, mas ele não via evidências suficientes para sustentar a teoria das vidas sucessivas. Apesar disso, Wallace reconhecia o valor filosófico e ético do Espiritismo, concordando com Kardec sobre a necessidade de ampliar os horizontes da ciência para incluir o estudo do espírito.
O Legado Científico e Espiritual de Alfred Russel Wallace
Alfred Russel Wallace recebeu inúmeros prêmios ao longo de sua vida, incluindo a Medalha Real da Sociedade Real de Londres em 1868, a Medalha Darwin em 1890 e a Medalha Copley em 1908. Mesmo enfrentando dificuldades financeiras nos últimos anos, ele permaneceu fiel aos seus princípios e continuou a contribuir para a ciência e o espiritualismo.
Wallace desencarnou em 7 de novembro de 1913, aos 90 anos, em Broadstone, Dorset, Inglaterra. Seu legado, como mencionado em conferências comemorativas realizadas em 2011 por David Attenborough, inclui não apenas suas contribuições para a biologia e a biogeografia, mas também seu papel pioneiro na investigação de fenômenos espirituais.
Fontes:
- “The Malay Archipelago” – Livro de Alfred Russel Wallace que documenta suas experiências no arquipélago malaio e inclui suas descobertas biogeográficas, como a famosa “linha de Wallace”.
- “On Miracles and Modern Spiritualism” – Obra de Alfred Russel Wallace onde ele relata sua jornada de cético materialista para espiritualista, com base em estudos sobre fenômenos mediúnicos.
- “Narrative of Travels on the Amazon and Rio Negro” – Livro escrito por Alfred Russel Wallace sobre suas expedições na Amazônia entre 1848 e 1852.
- “O Livro dos Espíritos” – Obra fundamental de Allan Kardec que apresenta os princípios do Espiritismo, incluindo discussões sobre a imortalidade da alma e a comunicação com os espíritos.
- “O Livro dos Médiuns” – Outra obra essencial de Allan Kardec, que aborda o estudo e a prática dos fenômenos mediúnicos.
- Conferências de David Attenborough (2011) – Declarações de David Attenborough, como a realizada em “Alfred Russel Wallace and the Birds of Paradise”, que destacam a importância de Wallace na história da ciência.
- Royal Society – Instituição científica onde Alfred Russel Wallace recebeu prêmios como a Medalha Real (1868), a Medalha Darwin (1890) e a Medalha Copley (1908).
- Registros históricos da Sociedade Lineana de Londres – Documentação sobre a apresentação conjunta dos ensaios de Wallace e Darwin em 1º de julho de 1858.