Comunicação com os espíritos Comunicação com os espíritos

Comunicação com os Espíritos e Entes Queridos Desencarnados

Explore a comunicação com os espíritos segundo o espiritismo, abordando métodos, ética e impactos culturais em diversas tradições.

Comunicação com o Mundo Espiritual

A morte é apenas uma passagem, uma transição que não interrompe a conexão que temos com aqueles que amamos, mas transforma a maneira pela qual essa comunicação ocorre. A doutrina espírita, apoiada por ensinamentos bíblicos, oferece uma visão reconfortante e esclarecedora sobre como podemos manter comunicação com os espíritos, contato com entes queridos desencarnados.

Comunicação com os espíritos

934. A perda dos entes que nos são caros não é para nós legítima causa de dor, tanto mais legítima quanto é irreparável e independente da nossa vontade?

“Essa dor atinge assim o rico, como o pobre: representa uma prova, ou expiação, e comum é a lei. Porém, vocês têm uma consolação em poderem se comunicar com os vossos amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispõem de outros mais diretos e mais acessíveis aos seus sentidos.”

questão 934 – o livro dos espíritos

Fundamentos e História da Comunicação com os Espíritos

Desde os tempos de Allan Kardec, a comunicação com os mortos tem sido uma prática cuidadosamente estudada e documentada. Kardec, em obras como “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, discute a natureza desta comunicação, sublinhando a importância de abordá-la com seriedade e respeito. As escrituras abordam esse tema, indicando que a conexão entre este mundo e o próximo pode ser mais sutil do que muitas vezes percebemos, uma ideia que pode ser explorada em diversas passagens bíblicas.

Impacto Histórico e Cultural da Comunicação Espiritual

Ao longo dos séculos, a comunicação com os espíritos desencarnados tem desempenhado um papel significativo em diversas culturas, permeando as artes, a literatura e as crenças populares. Essas práticas não apenas refletem as inquietações humanas sobre a morte e o além, mas também têm influenciado poderosamente a criatividade e o pensamento filosófico.

No século XIX, por exemplo, as sessões espíritas ganharam popularidade e se tornaram verdadeiros fenômenos culturais. Muitos artistas, escritores e figuras públicas da época frequentavam sessões em busca de inspiração ou conforto espiritual. Essas experiências são evidentes nas obras de autores como Victor Hugo e Sir Arthur Conan Doyle, que exploraram temas espirituais e sobrenaturais em suas literaturas, refletindo suas próprias experiências e crenças espíritas.

Além disso, as práticas mediúnicas contribuíram para moldar a compreensão moderna da vida após a morte. A ideia de que a consciência continua existindo independentemente do corpo físico introduziu uma nova perspectiva sobre a imortalidade da alma, influenciando não só as crenças religiosas, mas também debates filosóficos e científicos sobre a natureza da consciência humana.

Métodos e Práticas de Comunicação Espiritual

Praticando a psicografia

Na busca por compreender e interagir com o mundo espiritual, utilizamos várias técnicas mediúnicas, que requerem diferentes níveis de desenvolvimento e sensibilidade espiritual. A mediunidade, em sua essência, refere-se à capacidade inata que algumas pessoas têm de perceber e comunicar-se com espíritos. Esta capacidade pode manifestar-se de diversas formas, dependendo do grau de sensibilidade e treinamento do indivíduo.

Dentro do espiritismo, a psicografia e a mediunidade de incorporação são duas técnicas fundamentais para facilitar a comunicação entre o mundo físico e o espiritual.

Psicografia

A psicografia permite que médiuns treinados transcrevam mensagens de entidades espirituais. Esta forma de mediunidade é altamente valorizada por sua capacidade de produzir mensagens claras e detalhadas, que são frequentemente utilizadas para oferecer conselhos espirituais e alívio emocional aos que buscam respostas para suas inquietações ou conforto para suas dores.

Incorporação

Por outro lado, a mediunidade de incorporação envolve o médium cedendo seu controle corporal temporariamente a um espírito, permitindo que ele se comunique diretamente com os encarnados. Este método é particularmente útil em centros espíritas para facilitar a cura, oferecer conselhos diretos ou esclarecer dúvidas espirituais de maneira mais imediata e palpável.

Em ambos os casos, a segurança e a ética são prioritárias. É essencial que estas práticas sejam realizadas sob supervisão cuidadosa e apenas em ambientes devidamente preparados, para garantir que as interações sejam positivas e construtivas. A autenticidade das comunicações é rigorosamente avaliada para assegurar que estejam alinhadas com os princípios elevados do espiritismo, evitando-se assim a influência de entidades menos evoluídas ou mensagens enganosas.

O “Evangelho Segundo o Espiritismo” ensina que devemos evitar qualquer prática que possa levar à obsessão ou ao desequilíbrio espiritual. A oração e a meditação são recomendadas como meios de proteção e de fortalecimento da nossa conexão com o Alto.

935. Que se deve pensar da opinião dos que consideram profanação as comunicações com o além-túmulo?

“Não pode haver profanação nisso, quando haja recolhimento e quando a evocação seja praticada com respeito e utilidade. A prova de que é assim está no fato de que os Espíritos que consagram afeição a vocês ajudam com prazer aos seus chamados. Sentem-se felizes por se lembrarem deles e por se comunicarem convosco. Haveria profanação, se isso fosse feito levianamente.”

questão 935 – o livro dos espíritos

Comparando Visões sobre a Comunicação com os Espíritos

A comunicação com espíritos desencarnados é um tema que atravessa muitas tradições espirituais e religiosas, cada uma com suas próprias interpretações e práticas. No espiritismo, essa comunicação é vista como uma parte natural da vida espiritual, com a condição de que seja feita dentro de um contexto de respeito e com o devido cuidado para evitar obsessões e influências negativas.

No Catolicismo, práticas como pedir intercessões dos santos mostram uma forma mais simbólica e institucionalizada de comunicação com os espíritos.

No Budismo, especialmente no budismo tibetano (Vajrayana), encontram-se práticas que envolvem meditações e rituais que permitem aos praticantes entrar em contato com seres de outros planos de existência, o que pode incluir espíritos de ancestrais. Estas práticas são vistas como uma forma de receber orientação espiritual e de ajudar os espíritos que estão em transição.

Entre os povos indígenas, como os Navajo, a comunicação com os espíritos é parte integrante da vida comunitária, com rituais e cerimônias destinadas a honrar os ancestrais e receber seu conselho e proteção.

Ao explorarmos essas diversas abordagens, percebemos a riqueza e a complexidade da comunicação com os espíritos como um fenômeno humano universal. Reconhecer e respeitar as diferentes formas como as culturas se conectam com o além nos ajuda a compreender melhor a nossa própria prática dentro do espiritismo, ao mesmo tempo em que valorizamos as múltiplas dimensões da experiência espiritual humana.

Sonhos como Canal de Comunicação com o Além

Desdobramento pelo sonho

Na doutrina espírita, os sonhos são considerados um meio significativo de comunicação espiritual. Segundo Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”, durante o sono, ocorre um fenômeno conhecido como desdobramento espiritual, onde o espírito se afasta temporariamente do corpo físico.

Durante o sono, a alma não repousa, como o corpo, pois o Espírito jamais está inativo. No sono afrouxam-se os laços que prendem o Espírito ao corpo e, não precisando, então, o corpo da sua presença, o Espírito se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com outros espíritos encarnados e/ou desencarnados incluindo entes queridos que já desencarnaram.

Esses encontros nos sonhos não são meros produtos de nossa imaginação; eles são, muitas vezes, interações reais com o mundo espiritual que podem fornecer consolo e orientação sobre nossa vida. As experiências podem variar desde conversas com espíritos guias até reencontros com familiares falecidos que vêm oferecer suporte e aconselhamento. Por meio desses sonhos, os espíritos podem também transmitir premonições ou alertas sobre eventos futuros, ajudando-nos a preparar para desafios iminentes ou a tomar decisões importantes.

No entanto, não recordamos sempre dos sonhos. As lembranças dos sonhos são, geralmente, cortadas, quebradas e tê-las mais nitidamente depende do grau de desenvolvimento das nossas percepções psíquicas.

Por vezes, só fica a lembrança da perturbação que antecede o desprendimento do Espírito ou o momento de despertar. Essa perturbação resulta em imagens confusas, misturando cenas vistas de quando estamos acordados às preocupações de nossa vida diária.

403. Por que não nos lembramos sempre dos sonhos?

“Aquilo que chamam sono é só o repouso do corpo, visto que o Espírito está constantemente em atividade. Durante o sono, recorda um pouco da sua liberdade e se corresponde com os que lhe são queridos, quer neste mundo, quer em outros. Mas, como é pesada e grosseira a matéria que o compõe, o corpo dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque essas impressões não chegaram por intermédio dos órgãos corporais.”

questão 403 – o livro dos espíritos

Práticas Seguras: Orientações para uma Comunicação Saudável

Para garantir uma saudável comunicação com os espíritos, é essencial seguir algumas orientações. Práticas como a oração constante, a meditação sobre as mensagens recebidas, e a consulta com médiuns experientes e respeitáveis são fundamentais. O cuidado com a interpretação das mensagens recebidas é crucial para evitar mal-entendidos ou a recepção de informações de espíritos menos evoluídos.

Finalmente, a comunicação com entes queridos desencarnados não deve ser vista como um fim, mas como um meio de crescimento espiritual e autoconhecimento. Neste caminho, que a paz e a luz sejam sempre buscadas e encontradas, oferecendo-nos não apenas consolo, mas também a esperança e a certeza da vida contínua além do véu físico.

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