Luís Arnaldo Vassalo foi um respeitado médico e pesquisador espírita brasileiro, conhecido por sua atuação séria e científica no estudo dos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos.
Atuando principalmente entre as décadas de 1940 e 1960, ele se destacou por registrar fenômenos mediúnicos com precisão técnica e compromisso ético.
Em um tempo em que a ciência ainda mantinha distância das manifestações espirituais, Arnaldo Vassalo surgiu como uma ponte entre a observação médica e o estudo espiritual.
Quem foi Luís Arnaldo Vassalo?
Formado em Medicina e radicado em Campinas, São Paulo, Vassalo pertence a uma geração singular e muitas vezes esquecida do Espiritismo brasileiro: a geração dos bastidores.
Enquanto o país voltava os olhos para os médiuns de grande projeção pública, como Chico Xavier, existia um núcleo silencioso de estudiosos e médicos que, longe da fama, formavam a retaguarda ética e intelectual dos fenômenos espirituais. Vassalo foi um dos mais fiéis representantes desse grupo.
Seu nome raramente ocupa o centro das atenções, mas aparece de forma recorrente nos bastidores de episódios notáveis.
Era chamado não para discursar, mas para registrar. Não para encantar, mas para garantir que, ali, havia seriedade. Em muitos casos, era a sua presença que conferia credibilidade a um evento mediúnico. Representava o olhar vigilante da ciência ali onde muitos viam apenas o invisível.
Mais do que um médico interessado em espiritualidade, Arnaldo Vassalo encarna o espírito de um tempo em que o Espiritismo caminhava com passos cuidadosos, buscando aceitação acadêmica sem perder sua essência filosófica e moral.
Seu perfil discreto e metódico nos ajuda a lembrar que o avanço da doutrina não foi feito apenas de grandes nomes, mas também de homens de perfil técnico, cuja dedicação moldou silenciosamente os alicerces do Espiritismo experimental no Brasil.
A atuação com Peixotinho e os fenômenos de efeitos físicos
Entre os anos de 1948 e 1954, Luís Arnaldo Vassalo participou ativamente de sessões com o médium Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho, famoso por suas faculdades de efeitos físicos, principalmente materializações luminosas.
Essas sessões ocorreram em diferentes estados do Brasil, incluindo o Rio de Janeiro, onde o médium residia, e também em ocasiões especiais realizadas em Campos dos Goytacazes e Pedro Leopoldo, na presença de nomes como Chico Xavier.
As sessões de materialização com Peixotinho eram conduzidas sob rigorosos cuidados: ambiente fechado, mediunidade exercida em escuridão controlada, e acompanhamento de médicos, pesquisadores e observadores imparciais.
Nelas, espíritos se materializavam fisicamente, exalavam perfumes, emitiam luz própria e, por vezes, interagiam com os presentes.
Vassalo não apenas presenciava esses fenômenos, mas também os registrava com detalhes técnicos, comparando os sinais vitais do médium antes e depois das sessões.
A importância da mediunidade científica
Diferente de abordagens sensacionalistas, Luís Arnaldo Vassalo tratava a mediunidade com rigor científico.
Sua documentação é citada por autores como Zêus Wantuil e Freitas Nobre, que destacam seu compromisso com a ética na observação mediúnica.
Ao lado de Dr. Carlos Imbassahy, Dr. Inaldo da Paixão e outros médicos espíritas, Vassalo fortaleceu a linha de investigação que valorizava a mediunidade científica, ou seja, a análise racional e metódica dos fenômenos espirituais.
Luís Arnaldo Vassalo e o Instituto de Pesquisas Psíquicas de Campinas
Na década de 1950, Luís Arnaldo Vassalo esteve ligado ao Instituto de Pesquisas Psíquicas de Campinas, onde colaborou com pesquisas envolvendo ectoplasma, clarividência e desdobramento.
O Instituto era um dos principais polos de estudo espírita experimental no Brasil e reunia profissionais da saúde, engenheiros e estudiosos em sessões de investigação.
Embora não tenha publicado uma obra autoral completa, seus relatórios e anotações foram frequentemente utilizados por autores e pesquisadores espíritas da época.
Referências e fontes
As contribuições de Vassalo são citadas em diversas fontes importantes do Espiritismo brasileiro, entre elas:
- “Materializações Luminosas”, de G. Santana – que documenta sessões com Peixotinho e cita as observações de médicos como Vassalo;
- “Gigantes da Alma”, de Carlos A. Baccelli – onde seu nome é lembrado como pesquisador comprometido com a verdade;
- Registros em periódicos como o Reformador (FEB) e a Revista Internacional de Espiritismo (RIE), especialmente nas edições entre 1950 e 1960;
- Citações em obras de Zêus Wantuil e Freitas Nobre, estudiosos que abordam o desenvolvimento da ciência espírita no Brasil.
Legado de Luís Arnaldo Vassalo
Embora Luís Arnaldo Vassalo não tenha deixado uma obra extensa de sua autoria, sua participação nos principais experimentos espíritas do século XX o torna uma figura fundamental na história do espiritismo experimental. Ele é lembrado como um profissional que personificou a união entre fé e razão, entre Espiritismo e ciência.
Seu legado nos inspira a continuar estudando os fenômenos espirituais com equilíbrio, evitando os extremos da crença cega ou do ceticismo absoluto.
Ao valorizarmos figuras como Luís Arnaldo Vassalo, reafirmamos nosso compromisso com uma espiritualidade lúcida, baseada em observação, ética e conhecimento.
